OPAS/OMS lança versão em português de guia para prevenção e controle do câncer do colo do útero
Já está disponível em português a publicação “Controle integral do câncer do colo do útero: Guia de práticas essenciais”, da Organização Mundial da Saúde (OMS). A tradução foi feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e contou com a colaboração do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde do Brasil. O guia tem o objetivo de ajudar os países a prevenir e controlar um dos tipos de câncer de maior prevalência e mortalidade no Brasil e no mundo, que pode, no entanto, ser facilmente prevenível e tratável.
No documento, há informações atualizadas sobre estratégias complementares para o manejo do câncer do colo do útero, além do destaque sobre a necessidade de colaboração entre os programas, organizações e associações.
Os principais elementos do guia, lançado originalmente em dezembro de 2014, são:
Vacinar meninas com idade entre 9 a 13 anos com duas doses da vacina contra o HPV para prevenir a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), responsável pela maioria dos casos de câncer do colo do útero. O esquema reduzido de duas doses mostrou ser tão eficaz quanto o atual, com três doses. A mudança facilitará a administração da vacina. Além disso, reduzirá os custos, o que é particularmente importante para países de baixa e média renda, onde os orçamentos nacionais de saúde são limitados, mas a necessidade da vacina é maior. Hoje, meninas em mais de 55 países estão protegidas pela administração de rotina da vacina contra o HPV. De forma encorajadora, um número crescente de países de baixa e média renda estão introduzindo a vacina contra o HPV em sua rotina.
Uso de testes de HPV para o rastreamento de mulheres com o objetivo de prevenir o câncer cervical. Com o teste de HPV, a frequência de rastreio diminuirá. Uma vez que uma mulher é avaliada como negativa para o vírus, não deve ser rastreada por pelo menos cinco anos, mas deve passar por novo rastreamento dentro de 10 anos. Isso representa uma grande economia de custos para os sistemas de saúde em comparação com outros tipos de testes.
Comunicar mais amplamente. Em vez de se concentrar principalmente no encorajamento do rastreamento de mulheres com mais de 29 anos, o guia recomenda a comunicação com um público mais amplo: adolescentes, pais, educadores, líderes e pessoas que trabalham em todos os níveis do sistema de saúde.
Estima-se que pelo menos um milhão de mulheres em todo o mundo vivem atualmente com câncer do colo do útero. Muitas delas não têm acesso aos serviços de saúde para a prevenção, tratamentos curativos ou cuidados paliativos.
Enfrentando as desigualdades
As taxas de câncer do colo do útero caíram no mundo desenvolvido durante os últimos 30 anos, em grande parte devido ao rastreamento e aos programas de tratamento. Ao mesmo tempo, no entanto, as taxas na maioria dos países em desenvolvimento aumentaram ou permanecem inalteradas, muitas vezes devido ao acesso limitado aos serviços de saúde, falta de conhecimento e ausência de programas de rastreio e tratamento. Mulheres rurais e mais pobres que vivem em países desenvolvidos estão em maior risco de desenvolver de câncer invasivo do colo do útero. A publicação destaca a importância de abordar a discriminação de gênero e outras desigualdades relacionadas a uma série de fatores sociais (como riqueza, classe, educação, religião e etnia) na concepção de políticas e programas de saúde.
Sobre o guia
O guia da OMS fornece uma abordagem abrangente de prevenção e controle do câncer do colo do útero para governos e prestadores de cuidados de saúde. Também conhecido como “Pink Book”, o documento destaca os recentes desenvolvimentos em tecnologia e estratégia para melhorar o acesso das mulheres aos serviços de saúde para prevenir e controlar a doença.
A orientação identifica as principais oportunidades e idades durante toda a vida da mulher, quando o controle e prevenção podem ser postos em ação, especialmente para:
• Prevenção primária: a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) visa meninas de 9 a 13 anos, com o objetivo de imunizá-las antes de se tornarem sexualmente ativas.
• Prevenção secundária: acesso à tecnologia para mulheres com mais de 30 anos, como a inspeção visual do colo do útero com ácido acético, ou HPV para triagem, seguido de tratamento de lesões pré-cancerosas detectadas, que podem se desenvolver em um câncer do colo do útero.
• Prevenção terciária: acesso ao tratamento e gerenciamento do câncer para mulheres de qualquer idade, incluindo cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
• Quando o tratamento curativo já não é uma opção, o acesso aos cuidados paliativos é crucial.
Vários serviços e programas de saúde são necessários para implementar os diferentes elementos dessas recomendações. A orientação sublinha a importância da colaboração entre os setores, entre os programas de saúde e entre os profissionais que trabalham em todos os níveis do serviço de saúde para o sucesso da prevenção do câncer do colo do útero.
As diretrizes também mostram como a prevenção e o controle do câncer do colo do útero podem ser integradas em sistemas de prestação de cuidados de saúde existentes, incluindo planejamento familiar, cuidados no pós-parto e HIV/aids. A distribuição de vacinas aos adolescentes, por exemplo, abre a porta para alcançá-los com informações adicionais de saúde, educação sexual e conselhos sobre estilos de vida saudáveis.
Uma oportunidade global para melhorar a saúde das mulheres: a implementação de programas de prevenção e controle do câncer do colo do útero apoia a Estratégia Global para a Saúde da Mulher e da Criança (2010) do Secretário-Geral das Nações Unidas. O câncer do colo do útero foi identificado na Declaração Política de 2011 da Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU sobre Prevenção e Controle das Doenças Não-Transmissíveis (DNT).
A Assembleia Mundial da Saúde de 2013 identificou o câncer do colo do útero como uma das intervenções prioritárias no plano de ação para a prevenção e controle das DNT no período 2013-2020, acordada pelos Estados-Membros, que se comprometeram a incluir o câncer do colo do útero e outras intervenções das DNT nos planos nacionais de saúde.
Fonte: PAHO