19 de janeiro de 2017

ABRAFIN publica Nota de Esclarecimento sobre Paralisia Facial

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A Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN) publicou, no dia 19 de janeiro, Nota de Esclarecimento à População referente a abordagem do programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 15 de janeiro, em que, durante reportagem sobre a Paralisia Facial, apresenta a atuação fisioterapêutica no tratamento de pacientes como, “muitas vezes”, ineficaz em detrimento de “nova metodologia” desenvolvida na Holanda. No entanto, segundo aponta material elaborado pela ABRAFIN, o método tido como pioneiro é baseado em técnicas de alongamento miofascial e imagética motora (imaginar o movimento), ambos rotineiramente utilizados por fisioterapeutas em tratamentos similares ou, até mesmo, para outros fins.

No texto, a entidade destaca a importância do desenvolvimento científico, no entanto, ressalta que a criação de uma nova abordagem não pode excluir evidências científicas que fundamentem uma profissão: “Para que a ciência se desenvolva, não se faz necessário desmerecer as experiências já consagradas. Pelo contrário, é a partir destas que a ciência se desenvolve. A Fisioterapia Neurofuncional é a ciência que inclui o uso de vários métodos e recursos utilizados no momento certo e para um determinado fim, não podendo, jamais, ser vinculados a uma determinada técnica, método ou recurso. Há que alertar a população de que uma paralisia facial periférica (PFP) se dá em função da lesão de um nervo, ou seja, da estrutura que conecta o cérebro com os músculos. O grau de recuperação depende do quanto esse nervo foi afetado. Como o nervo facial (nervo afetado nos casos de paralisia facial) é um nervo predominantemente motor, os sinais mais frequentemente encontrados são a fraqueza dos músculos da face unilateral. Assim, para testar se há PFP, solicita-se ao indivíduo para “fechar os olhos” e “mostrar os dentes”. Nos casos de PFP, o trabalho da fisioterapia se dá no sentido de manter a simetria facial de modo a que os músculos fracos, mas com alguma atividade, possam ter possibilidade de se fortalecer e atuar no máximo de seu potencial.”

O parecer da ABRAFIN ainda traz ressalvas em relação à especificidade da paralisia facial periférica mostrada na reportagem, sendo esta considerada mais grave e, por consequência, de recuperação mais difícil. A fim de esclarecer o tema com subsídios científicos, a associação editou uma nota que contou com participação de profissionais com respaldo científico e prático na área. Veja abaixo o resumo e clique aqui para visualizar o material completo.

Algumas recomendações da ABRAFIN:

1. Sobre a consulta, avaliação cinesiológica funcional, prognóstico e orientações sobre a recuperação funcional:

– É necessário avaliar o grau de comprometimento das funções relacionadas com o nervo facial. Sugerese avaliar a simetria facial ao repouso, a simetria facial durante os movimentos e a existência ou não de sincinesia (movimentos involuntários) ou contratura facial (“dureza/tensão” dos músculos). O registro em foto ou vídeos é conveniente.

– Avaliar o retorno do movimento após o início da fraqueza muscular, pois o período de retorno dos movimentos (e demais funções do nervo facial) são fatores de prognóstico que devem ser considerados nos primeiros dias/semanas de acompanhamento fisioterapêutico para orientação ao paciente e sua família, além de equalizar expectativas quanto o tratamento fisioterapêutico.

– Considerar, além das funções da face, eventuais limitações das atividades e participações do indivíduo na sociedade (sair para comer em lugares públicos, lazer, etc.), fatores pessoais (doenças pré-existente, idade, gestação, etc.) e alguns fatores ambientais que podem servir como facilitadores ou barreiras. Todos estes critérios podem influenciar no prognóstico para a recuperação da funcionalidade global.

2. Sobre o tratamento(1)

a) Fisioterapia através de exercícios faciais são recomendados para pacientes com fraqueza persistente. A reeducação neuromuscular facial baseia-se em exercícios que estimulam a ativação muscular para a recuperação da função facial em casos de disfunção grave. Estes exercícios faciais simulam a expressão emocional facial e os movimentos funcionais, associados à funcionalidade da face. A Reeducação Neuromuscular Facial consiste em sessões individuais de 45 minutos, duas vezes por semana durante os primeiros 3 meses e depois uma vez por semana até o final do acompanhamento, associado a um programa individualizado de exercícios diários em casa, incluindo massagem facial (duas vezes por dia durante 10 minutos), exercícios de movimento ativo com e sem espelho (4 vezes por dia durante ≤ 10 minutos). Não é recomendado estimulação elétrica com eletrodos grandes, os mesmos devem ser apropriados para a face para não gerar discinesias.
O grupo de especialistas da ABRAFIN sugere:

a) Se há retorno gradativo dos movimentos nas primeiras 3 semanas: orientações sobre o problema e sua recuperação espontânea devem ser fornecidas e só um acompanhamento fisioterapêutico semanal é recomendado, até o retorno completo da função motora e simetria da face. Exercícios faciais e acompanhamento intensivo não estão indicados para estes indivíduos com disfunção leve e recuperação espontânea;

b) Indivíduos sem indícios de recuperação nos primeiros dias/semanas: devem ser acompanhados mais de perto. Orientações sobre as chances de recuperação nos primeiros três meses, treinamento para a simetria facial ao repouso, massoterapia facial (principalmente para o lado oposto a lesão) e exercícios de facilitação e controle do movimento na medida da recuperação gradativa são estratégias possíveis para este subgrupo de pacientes;

c) Casos crônicos: Simetria ao repouso, ao movimento e a inibição de sincinesia devem ser os desfechos perseguidos nestes casos, com muita orientação sobre a influência da tensão na funcionalidade da face. Recursos como a massagem facial, relaxamento e imagética podem ser úteis.