30 de janeiro de 2008

SOS Saúde: filme alfineta governo norte-americano e provoca discussão sobre saúde pública

“SOS Saúde é um filme provocativo, instigante e crítico. Apresenta uma série de episódios importantes para que profissionais de saúde e a população em geral, avaliem e reflitam sobre os caminhos que o sistema de saúde deve trilhar no país”. A definição é do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que participou da exibição do filme na noite da ontem, 29, no Cine Brasília, na capital federal.

O filme mostra histórias de vários americanos comuns cujas vidas foram despedaçadas e, em alguns casos, arruinadas pelo catastrófico sistema de saúde americano. A película aponta que a crise não somente afeta os 47 milhões de cidadãos que não têm seguro saúde, mas também outros que pagam as suas prestações e que estão freqüentemente lutando com a  burocracia e com suas regras oficiais obscuras.

A vice-presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Dra Ana Cristhina Brasil, também esteve presente na exibição do filme e destacou a importância de críticas como essa, que podem refletir em ações de fortalecimento da saúde pública no Brasil.  

O Filme

Depois de Tiros em Columbine (2002) e Fahrenheit 9/11 (2004), Michael Moore volta a criticar os Estados Unidos e seu governo no documentário Sicko, exibido e aplaudido durante o Festival de Cannes deste ano. Desta vez, o cineasta mostra a deficiência do sistema de saúde americano. O documentário foi inspirado nos homens que participaram do resgate às vítimas do 11 de setembro de 2001. No filme, ele afirma que o sistema de saúde americano não reconhece os danos prejudicados aos que trabalharam no atentado.

Para sustentar seus argumentos, Moore faz comparações diretas entre os EUA, a França e o Canadá. Segundo ele, esses países dão valor a saúde de seus cidadãos, tendo uma cobertura universal de seus planos médicos, o que não acontece no governo americano.

Michael Moore definiu seu documentário como “uma comédia sobre as quase 45 milhões de pessoas sem sistema de saúde no país mais rico do mundo”, segundo a agência AFP. Para ele, o filme serve para “incitar os americanos a agir”.

Além de mostrar imagens chocantes, como a de um homem costurando a própria ferida porque não tem um plano de saúde, Michael Moore também não esconde sua insatisfação com os Estados Unidos quando está frente à imprensa. Durante sua passagem por Cannes em março, ele fez duras críticas a postura do governo de seu país.
“Os Estados Unidos são o único país ocidental a não dispor de cobertura social universal, e o único onde as operadoras de planos de saúde recebem dinheiro público. O objetivo delas não é curar as pessoas, mas maximizar os lucros”, disse ele, segundo o jornal Le Monde.

O diretor também esclareceu que não fez este filme para polemizar. Sua intenção é promover uma reflexão. “Decidi fazer um filme diferente desta vez. Quis dar um tom diferente e dizer coisas de maneira diferente. Cansei de polemizar e não chegar a lugar nenhum”, afirmou.

Agência Coffito e Redação Terra